BT-682: Ecologia Vegetal
Curso de Graduação em Ciências Biológicas
2008 2007 2005 2003 2002 2001 2000
PRÁTICAS
PRÁTICA: FORMAS DE VIDA
Exemplo de como deve ser organizado o arquivo de dados de formas de vida: 

Cada célula deve conter o número de indivíduos amostrados em cada parcela. Deve haver um arquivo para cada área que será visitada. O nome do arquivo deve conter referência ao nome da área e ao número das parcelas (Exemplo: para Moji Mirim, parcelas X1Y1, X2Y1, e X2Y5 o nome do arquivo deverá ser MM-11-21-25.xls).
Referências:
- Batalha, M.A. & Martins, F.R. 2002. Life-form spectra of Brazilian cerrado sites. Flora 197: 452-460.
- Batalha, M.A. & Martins, F.R. 2004. Floristic, frequency, and vegetation life-form spectra of a cerrado site. Brazilian Journal of Biology 64 (2): 203-209.
- Martins, F.R. & Batalha, M.A. 2003. Formas de vida, espectro biológico de Raunkiaer e fisionomia da vegetação. Apostila e chave.


PRÁTICA: COMUNIDADES
Exemplo de como devem ser organizados os arquivos de dados de comunidades:
Parcelas:

Todos os indivíduos devem ter medida de diâmetro. Aqueles indivíduos que tiveram o perímetro medido, essa medida deve constar da tabela e o diâmetro calculado [fórmula é: =PAP/pi()]. Aqueles indivíduos que tiveram o diâmetro medido diretamente, não terão o valor de perímetro na tabela.Quadrantes:

Todos os indivíduos deverão estar identificados quanto ao número do ponto e o quadrante em que foram amostrados. As recomendações quanto a medidas de perímetro e diâmetro são as mesmas que as descritas para parcelas. Distância é a distância medida do ponto ao indivíduo. Distância corrigida é a distância do ponto ao indivíduo, acrescida do raio do indivíduo [fórmula: =Distância+(Diâmetro/2/100)]. A divisão por 100 é para transformar a medida do raio em cm para metros, a unidade de medida de distância.
Referência:
- Martins, F.R. 2002. Organização de uma comunidade florestal de arbustos e árvores: guias para um estudo prático. Apostila.
- Paula, A., Silva, A.F., De Marco, P., Jr., Santos, F.A.M. & Souza, A.L. 2004. Sucessão ecológica da vegetação arbórea em uma floresta estacional semidecidual, Viçosa, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica 18: 407-423.

PRÁTICA: POPULAÇÕES
Exemplo de como deve ser organizado o arquivo de dados de populações (Todos os indivíduos devem ter pelo menos o DAS e a H registrados):

PAS = Perímetro à altura do solo (para algumas plantas, foi medido o perímetro à altura do solo. Nesse caso, os valores devem ser incluídos na planilha)
DAS = Diâmetro à altura do solo (algumas plantas tiveram o diâmetro diretamente medido. Nesse caso, entre com o valor medido. Outras plantas tiveram o perímetro medido. Nesse caso, use a fórmula que consta no exemplo acima, para calcular o diâmetro).
PAP = Perímetro à altura do peito (algumas plantas tiveram o perímetro à altura do peito medido. Nesse caso, os valores devem ser incluídos na planilha. Quando houver mais do que um caule medido, incluir todas as medidas)
DAP = Diâmetro à altura do peito (o mesmo que para DAS, quando a medida foi feita ou quando for necessário fazer a transformação. No caso de caules múltiplos, se houver, devem usar o mesmo procedimento que foi adotado para comunidades).
H = altura (para alguns indivíduos foi registrada a altura do início da copa. Nesse caso, inclua o valor na planilha. Para todos os indivíduos foi registrada a altura. Inclua esses valores na planilha)

RELAÇÕES ALOMÉTRICAS EM PLANTAS (1)
Em termos gerais, alometria pode ser definida como a relação entre variáveis de tamanho de um organismo. Segundo Niklas (1994), alometria pode ser considerada como o estudo do crescimento de uma parte do organismo em relação ao todo, como o estudo das conseqüências do tamanho na forma do organismo, ou ainda, como a propriedade que têm certos objetos de conservarem sua geometria e forma enquanto eles variam de tamanho. O estudo das relações alométricas é utilizado para descrever relações quantitativas entre mudanças no tamanho de diversos organismos e uma variedade de características morfológicas, fisiológicas, de história de vida ou de comportamento (Harvey & Pagel 1991).
A relação mais utilizada em alometria de plantas é aquela entre o diâmetro do tronco e a altura total da árvore. Com base nesta relação foram propostos vários modelos que procuram explicar como se combinam as forças em um caule, de modo que este se mantenha de pé e sustente uma copa (Sposito 1994). Estes modelos vêm sendo utilizados para se comparar grandes grupos taxonômicos (Niklas 1993), plantas com diferentes alturas (King 1990), plantas pioneiras com plantas de estádios sucessionais mais avançados (Rich et al. 1986) e diferentes espécies de árvores em uma área (King 1995).
O objetivo desta parte da prática é descrever as relações alométricas entre altura e diâmetro e entre altura total e altura do início da copa de indivíduos de algumas espécies, tentando fazer uma comparação entre as espécies e relacionando os resultados obtidos com as características ecológicas destas espécies.
Referências
- Alves, L.F., Martins, F.R. & Santos, F.A.M. 2004. Allometry of a neotropical palm, Euterpe edulis Mart. Acta Botanica Brasilica 18 (2): 369-374.
-
McMahon, T. A. 1973. Size and shape in biology. Science 179:1201-1204.
- Niklas, K. J. 1993. The scaling of plant height: a comparision among major plant clades and anatomical grades. Annals of Botany 72:165-72.
- Portela, R.C.Q. & Santos, F.A.M. 2003. Alometria de plântulas e jovens de espécies arbóreas: copa x altura. Biota Neotropica 3 (2).
- Slice, D.E., Bookstein, F.L., Marcus, L.F. Rohlf, F.J. A glossary for geometric morphometrics.
- Sposito, T.C. & Santos, F.A.M. 2001. Scaling of stem and crown in eight Cecropia (Cecropiaceae) species of Brazil. American Journal of Botany 88 (5): 939-949.
- Sposito, T.C. & Santos, F.A.M. 2001. Architectural patterns of eight Cecropia (Cecropiaceae) species of Brazil. Flora 196 (3): 215-226.

ESTRUTURA DE TAMANHOS (2)
Os diferentes indivíduos em uma população variam entre si em várias características. A forma como essa variação está distribuída na população confere-lhe uma certa estrutura. As várias estruturas que podem ser identificadas em uma população refletem a ação de fatores bióticos e abióticos, aos quais seus membros e seus ancestrais estiveram expostos.
Todos os aspectos da estrutura de uma população estão interrelacionados, de modo que, geralmente, uma alteração em um aspecto gera alterações em outros.
O impacto mais óbvio dos fatores aos quais os indivíduos de uma população estiveram expostos dá-se sobre a estrutura genética.
Os fatores abióticos, bem como as interações entre os indivíduos, tanto da mesma espécie como de outras espécies, e das plantas com animais, podem moldar estruturas de tamanho das populações, como um resultado das oportunidades de desenvolvimento de cada membro da população ao longo do seu ciclo de vida.
A estrutura etária de uma população reflete as oportunidades passadas de recrutamento e os riscos de mortalidade aos quais cada indivíduo recrutado tenha sido exposto.
O objetivo desta parte da prática é tentar descrever e comparar a estrutura de populações de algumas espécies, tentando discutir possíveis causas e conseqüências dessa estrutura e fazer inferências sobre a dinâmica dessas populações na área.
Referências
- Hutchings, M.J. 1986. The structure of plant populations. In: Plant ecology (M.J. Crawley, ed.). Blackwell, Oxford. p. 97-136.
- Oliveira, P.E.A.M. de, Ribeiro, J.F. & Gonzales, M.I. 1989. Estrutura e distribuição espacial de uma população de Kielmeyera coriacea Mart. de cerrados de Brasília. Revista Brasileira de Botânica 12:39-47.
- Ramírez, N. & Arroyo, M.K. 1990. Estructura poblacional de Copaifera pubiflora Benth. (Leguminosae: Caesalpinioideae) en los Altos Llanos Centrales de Venezuela. Biotropica 22:124-132.
- Solbrig, O.T. & Solbrig, D.J. 1984. Size inequalities and fitness in plant populations. In: Oxford Surveys in Evolutionary Biology. vol. 1. (R. Dawkins & M. Ridley, eds.) p. 141-159.
- Weiner, J. & Solbrig, O.T. 1984. The meaning and measurement of size hierarchies in plant populations. Oecologia 61:334-336.

ESTRUTURA ESPACIAL (3)
O padrão espacial dos indivíduos em uma população é dependente da escala em que o estudo está sendo desenvolvido. Como padrões gerais, podemos citar o agregado, o aleatório e o regular. O padrão mais comum encontrado para organismos na natureza é o agregado, sendo o mais raro o regular. Em uma população de plantas, a estrutura espacial é resultante do arranjo espacial das plantas parentais, dos padrões de dispersão de sementes, das chances de sobrevivência dos indivíduos e das interações que ocorreram entre os indivíduos no passado.
O objetivo dessa parte da prática é tentar descrever e comparar o padrão espacial de populações de algumas espécies, tentando discutir possíveis causas e conseqüências desses padrões.
Referências
- Alencar, J.C. 1984. Estudos silviculturais de uma população natural de Copaifera multijuga Hayne - Leguminosae, na Amazônia Central. 3. Distribuição espacial da regeneração natural pré-existente. Acta Amazonica 14:255-279.
- Augspurger, C.K. 1983. Offspring recruitment around tropical trees: changes in cohort distance with time. Oikos 40:186-196.
- Clark, D.A. & Clark, D.B. 1984. Spacing dynamics of tropical rain forest tree: evaluation of the Janzen-Connell model. American Naturalist 124:769-788.
- Fonseca, M.G., Martini, A.M.Z. & Santos, F.A.M. 2004. Spatial structure of Aspidosperma polyneuron in two semi-deciduous forests in Southeast Brazil. Journal of Vegetation Science 15: 41-48.

DINÂMICA POPULACIONAL (4)
Os estudos de dinâmica de populações visam descrever as variações numéricas no tamanho das populações e entender as causas e conseqüências dessas variações. Tais estudos são considerados essenciais para o entendimento dos processos que regulam a dinâmica e a estrutura de comunidades naturais, bem como para o manejo e conservação de espécies. A despeito disso, poucos são os dados existentes na literatura sobre a demografia de espécies arbóreas.
O objetivo dessa parte da prática é tentar descrever a dinâmica de populações de algumas espécies arbóreas, tentando discutir possíveis causas e conseqüências da dinâmica observada.
Referências
- Damasceno Junior, G.A., Semir, J., Santos, F.A.M. & Leitão Filho, H.F. 2004. Tree mortality in a riparian forest at Rio Paraguai, Pantanal, Brazil, after an extreme flooding. Acta Botanica Brasilica 18: 839-846.
- Fonseca, M.G. 2001. Aspectos demográficos de Aspidosperma polyneuron Muell. Arg. (Apocynaceae) em dois fragmentos de floresta semidecídua no município de Campinas, SP. Tese de Mestrado, UNICAMP, Campinas.
- Martini, A.M.Z. 1996. Estrutura e dinâmica populacional de três espécies arbóreas tropicais. Tese de Mestrado, UNICAMP, Campinas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) Alvarez-Buylla, E. R. & Martinez-Ramos, M. 1992. Demography and allometry of Cecropia obtusfolia, a neotropical pioneer tree - an evaluation of the climax-pioneer paradigm for tropical rain forests. Journal of Ecology 80:275-290.
(2, 3) Alves, L.F. 1994. Competição intraespecífica e padrão espacial em uma população de Euterpe edulis Mart. (Arecaceae). Tese de Mestrado, UNICAMP, Campinas.
(2, 3) Bonan, G. B. 1988. The size structure of theoretical plant populations: spatial patterns and neighborhood effects. Ecology 69:1721-1730.
(1) Carvalho, R.M. de, Martins, F.R. & Santos, F.A.M. 1999. Leaf ecology of pre-reproductive ontogenetic stages of palm tree Euterpe edulis Mart. (Arecaceae). Annals of Botany 83 (3): 225-233
(2, 3) Dancinguer, L. 1996. Aspectos da regeneração de duas espécies arbóreas em um fragmento florestal do sudeste brasileiro. Tese de Mestrado, UNICAMP, Campinas.
(2) Felfili, J. M. 1995. Growth, recruitment and mortality in the Gama gallery forest in central Brazil over a six-year period (1985-1991). Journal of Tropical Ecology 11:67-83.
(1, 2, 3) Gandolfi, S., Leitão-Filho, H. F. & Bezerra, C. L. F. 1995. Levantamento florístico e caráter sucessional das espécies arbustivo-arbóreas de uma floresta mesófila semidecídua no município de Guarulhos, SP. Revista Brasileira de Biologia 55: 753-767.
(1, 2) Gatsuk, E., Smirnova, O. V., Vorontzova, L. I., Zaugolnova, L. B. & Zhukova, L. A. 1980. Age states of plants of various growth forms: a review. Journal of Ecology 68: 675-696.
(1) Harvey, P. H. & Pagel, M. D. 1991. The comparative method in evolutionary biology. Oxford University Press, Oxford.
(2, 3) Henriques, R.P.B. & Sousa, E.C.E.G.de. 1989. Population structure, dispersion and microhabitat regeneration of Carapa guianensis in Northeastern Brazil. Biotropica 21:204-209.
(1) King, D. A. 1990. Allometry of saplings and understorey trees of Panamanian forest. Functional Ecology 4:27-32.
(1) King, D. A. 1995. Allometry and life history of tropical trees. Journal of Tropical Ecology 12:25-44.
(1) Kohyama, T. 1987. Significance of architecture and allometry in saplings. Functional Ecology 1:399-404.
(1) Kohyama, T. & Hotta, M. 1990. Significance of allometry in tropical saplings. Functional Ecology 4:515-521.
(1, 2, 3) Lorenzi, H. 1992. Árvores brasileiras. Editora Plantarum, Nova Odessa.
(1) McMahon, T. A. & Kronauer, R. E. 1976. Tree structures: deducing the principle of mechanical design. Journal of Theoretical Biology 59:443-466.
(1) McMahon, T. A. & Bonner, J. T. 1986. Tamaño y vida. Prensa Cientifica, Barcelona.
(1, 2, 3) Morellato, L. P. C. 1991. Estudo da fenologia de árvores, arbustos e lianas de uma floresta semidecídua no sudeste do Brasil. Tese de Doutorado, UNICAMP, Campinas.
(1, 2, 3) Morellato, L. P. C. & Leitão-Filho, H. F. (orgs.). 1995. Ecologia e preservação de uma floresta tropical urbana. Reserva de Santa Genebra. Editora da UNICAMP, Campinas.
(1) Niklas, K. J. 1993. Influence of tissue density-specific mechanical properties on the scaling of plant height. Annals of Botany 72:173-179
(1, 2) O'Brien, S. T., S. P. Hubbell, P. Spiro, R. Condit, and R. B. Foster. 1996. Diameter, height, crown, and age relationships in eight neotropical tree species. Ecology 76:1926-1939.
(2, 3) Ramos, F. N. 2000. Regeneração natural e crescimento de indivíduos não reprodutivos de Enterolobium glaziovii Bentham (Mimosaceae). Tese de Mestrado, UNICAMP, Campinas.
(1) Rich, P. M., Helenurm, K., Kearns, D., Morse, S. R., Palmer, M. W. & Short, L. 1986. Height and stem diameter relationships for dicotyledonous trees and arborescent palms of Costa Rican tropical wet forest. Bulletin of the Torrey Botanical Club 113:241-246.
(1, 3) Santos, F. A. M. 2000. Growth and leaf demography of two Cecropia species. Revista Brasileira de Botânica 23 (2): 133-141.
(2, 3) Silva, D.M. 1992. Estrutura de tamanho e padrão espacial de uma população de Euterpe edulis Mart. (Arecaceae) em mata mesófila semidecídua no município de Campinas, SP. Tese de Mestrado, UNICAMP, Campinas.
(1, 2, 3) Souza, A. F. 2000. Aspectos da dinâmica de populações da palmeira Attalea humilis Mart. ex. Spreng. em fragmentos de floresta atlântica sujeitos ao fogo. Tese de Mestrado, UNICAMP, Campinas.
(1) Sposito, T. C. S. 1994. Arquitetura e alometria de três espécies de Cecropia (Cecropiaceae) da Região Sudeste do Brasil. Tese de Mestrado, UNICAMP, Campinas.
(1) Sposito, T. C. S. 1999. Tamanho, forma, alometria e crescimento em algumas espécies de Cecropia (Cecropiaceae) do Brasil. Tese de Doutorado, UNICAMP, Campinas.