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Pesquisa traça perfil do uso de plantas medicinais por Ana Carolina Freitas Notícia publicada na revista ComCiência em 13/11/03: http://www.comciencia.br/noticias/2003/14nov03/plantas.htm
Uma pesquisa realizada pela aluna de doutorado Priscila Fernandes, do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Biologia da Unicamp, revela o perfil do uso de plantas medicinais em comunidades carentes de Atibaia, interior de São Paulo. De acordo com os dados obtidos com 270 famílias de alunos da escola de ensino fundamental Waldemar Bastos Büller, mais de 70% usam ervas medicinais no tratamento de doenças. O resultado do levantamento é reflexo de uma prática cada vez mais comum. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% da população mundial utiliza produtos de origem natural para combater problemas como pressão alta, queimaduras, gripe, tosse e prisão de ventre, entre outros. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Fitoterápica (ABIFITO), o setor movimenta anualmente cerca de R$ 1 bilhão em toda a sua cadeia produtiva e emprega mais de cem mil pessoas no país. Por confirmar o fato de que o consumo de plantas medicinais é extremamente popular, a pesquisa da Unicamp revela a importância do trabalho de educação ambiental, principalmente em comunidades carentes. Isso porque a facilidade na obtenção de plantas, o baixo custo, a eficiência na prevenção e no tratamento de doenças, a falta de acesso da população mais carente aos serviços de saúde, além da falsa idéia de que os remédios naturais não produzem efeitos colaterais são fatores que podem estimular o uso indiscriminado das ervas medicinais. A quantidade de princípio ativo presente em uma determinada planta varia de acordo com a idade da espécie, a época da colheita, o tipo de solo e as condições de estocagem. Tudo isso pode interferir na eficácia do tratamento. Para promover o conhecimento sobre o uso correto das ervas medicinais, Fernandes acompanha e orienta o uso das plantas na comunidade onde a pesquisa foi realizada. Segundo levantamento dessa pesquisa, as plantas medicinais mais utilizadas pelas pessoas da região incluem hortelã, guaco, erva cidreira, erva doce, poejo, capim santo, boldo, camomila, mastruço e limoeiro, que juntas somaram mais de 80% das citações. No total, foram mencionadas mais de 100 plantas medicinais. Já as doenças mais citadas pelos entrevistados são aquelas relacionadas ao sistema respiratório (40%), doenças infecciosas (20%) e do trato digestivo (15%). Um dos objetivos do projeto de Fernandes é integrar o conhecimento acadêmico e o conhecimento popular, que é transmitido de geração para geração. 75% dos entrevistados relataram na pesquisa que aprenderam a utilizar as ervas com a mãe ou a avó. Assim, a pesquisadora orienta os alunos da Waldemar Bastos Büller sobre as propriedades terapêuticas das plantas utilizadas pela comunidade e sobre o uso consciente dos remédios naturais. Para isso, as crianças cuidam do viveiro medicinal da escola e continuam o aprendizado em casa, onde também cultivam plantas medicinais. "É uma coisa muita gostosa e as ervas também são boas para a nossa saúde", diz Cristiane, 11, aluna da 4ª série. O aluno da 4ª série Deivid, 10, conta que na casa dele tem boldo, poejo, hortelã, guaco e alecrim. "A maioria das ervas medicinais que tem em casa fui eu que plantei". Leia também: Plantas medicinais integram projeto de educação ambiental em escolas públicas
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